Orphan Black
Estrelada por Tatiana Maslany, a co-produção Canadá-Inglaterra mostra como a genética pode ser o cenário ideal para um drama mostrando as relações familiares de uma forma diferente.
Clonagem é algo que se vê muito em ficção-científica e por
isso, um tema muito complicado para se criar algo interessante para o público
em geral. Muita gente não tem a menor ideia do que seja clonagem, muito menos
um clone. Principalmente por que na ciência de hoje, existem dois tipos de
clonagem, a terapêutica, onde você poderia, por exemplo, criar um fígado novo
para um transplante em paciente com cirrose hepática. Ou a clonagem
reprodutiva, cujo objetivo claro é criar outro ser humano idêntico ao primeiro.
Quem vai meter a mão nesse salseiro para fazer algo interessante de ver no
cinema ou na televisão.
Michael Bay até que tentou com A Ilha, de 2005, estrelado
Ewan McGregor e Scarlet Johansson. O filme apresentava um local onde se criavam
pessoas a partir das células originais, cujos órgãos seriam utilizados
posteriormente para repor as “peças” danificadas pelo dono original. Pena que a
ideia descambou para um filme de ação, perseguições e muitas explosões. Ou
seja, um filme de Michael Bay.
A grande surpresa sobre clonagem é a fantástica série Orphan
Black, criada pela dupla Graeme Manson e John Fawcett para a BBC América. A
história mostra Sarah Manning, uma mãe solteira que brigou com a própria mãe
por causa da guarda da filha. Sua vida entra em parafuso quando Sarah
testemunha a morte de uma mulher na estação de trem onde estava.
Ao procurar informações na bolsa da suicida, Sarah tem uma
revelação surpreendente: Beth Childs, uma detetive da cidade, tinha o seu
rosto! A partir daí, Sarah vai descobrindo que Beth não era a única mulher
parecida com ela. Aos poucos ela descobre Cosima, Alison, Helena, Rachel,
Krystal, MK e Jennifer, fazem parte de um experimento que começou há dezenas de
anos e hoje, pode trazer o fim trágico para todas elas.
Não preciso explicar o que acontece em cada uma das cinco
temporadas de Orphan Black. De um mistério de identidade dupla, a série vai
mostrando a dificuldade das personagens em conseguir ter sua própria
identidade, mesmo enfrentando um inimigo muito poderoso. Tudo isso, liderado
pela antes rebelde Sarah, transformada pela circunstância na líder de um
movimento pela sobrevivência dela e de suas irmãs.
Tatiana Maslany ganhou um merecido EMMY no ano passado pelo
magnífico trabalho em dar uma personalidade própria para cada uma de suas
clones. Enquanto Sarah tinha sotaque britânico, Helena falava russo, e Alison
uma típica dona de casa de subúrbio americano. Tatiana interpretou até mesmo um
personagem masculino, só para mostrar até onde as experiências de clonagem
chegavam. A última cena da série é a mais poética das imagens dessa produção...
inesquecível!
Orphan Black chegou ao Brasil pelo canal A&E, mas hoje
todas as suas cinco temporadas estão na Netflix. Assista a série, se não for
pelo tema, que seja pela própria Tatiana. Com certeza, um show de interpretação
nos 50 episódios dessa bela metáfora sobre ovelhas negras...