Era uma vez o TiVo
O primeiro sistema de gravação digital para TV dos Estados Unidos fecha suas portas depois de 26 anos à trabalho dos consumidores americanos.
Durante muito tempo, um dos grandes desejos de consumo para aqueles consumidores acostumados a gravar a programação de TV era algo mais avançado para substituir o uso constante de fitas VHS. Um dos motivos era a questão do espaço para armazenar as fitas e a durabilidade das regravações na mesma fita.
Em 1999, a pequena empresa americana Xperi, que depois se
transformaria na TiVo Corporation, desenvolve o primeiro gravador digital para
a programação de TV dos EUA, numa parceria com a Philips. Com ele, o consumidor
poderia gravar seus programas favoritos e deixá-los armazenados no Hard Drive
do aparelho, para assistir uma outra hora. A grande sacada do TiVo era algo que
agradava o consumidor, mas não o mercado publicitário: ele eliminava os
intervalos comerciais.

Quando se gravava uma série de TV, por exemplo, a gravação feita
pelo videocassete era no tempo integral do episódio. No TiVo, era possível
eliminar o intervalo, graças ao programa criado para o processo de gravação. Não
eliminava 100% dos comerciais. É bom deixar claro que esse processo funcionava
muito bem para a Televisão nos Estados Unidos porque os horários são
respeitados, inclusive a colocação de comerciais. Um exemplo são as sitcoms,
que tem episódios em torno de 22 minutos e meio, completados na programação de
meia hora com comerciais. Você programava o TiVo para gravar naquele horário, e
quanto assistia, os comerciais praticamente estavam fora.
É claro que isso nunca foi possível na TV brasileira, que
tem horários quebrados para a colocação de seus programas no ar. A novela das
oito nunca começa nesse horário, assim como os blocos para os intervalos variam
de duração. Na TV por assinatura, quando a TVA (hoje Vivo) introduziu seu
primeiro DVR em 2005, que tinha a capacidade de armazenar 60 horas de
programação, não era possível eliminar os comerciais.
A TiVo Inc informou no começo do mês, que decidiu descontinuar
sua linha de produção dos aparelhos, mantendo apenas as estruturas técnicas para
continuar dando assistência e manutenção nos aparelhos que ainda existem. Num
comunicado distribuído à imprensa americana, a empresa informou que “a TiVo não
fabrica mais hardware e nosso estoque restante está esgotado, embora
continuemos a oferecer suporte para os produtos daqui para frente. Temos muito
orgulho do legado do DVR TiVo, e a excelente experiência que a TiVo sempre
proporcionou, continua viva em nosso sistema operacional TiVo para televisores
conectados, disponível em televisores da Sharp nos EUA e em diversas marcas na
Europa”.
Com o surgimento das plataformas streamings, a TiVo começou
a oferecer para os fabricantes de televisores um aplicativo que seria
incorporado ao sistema operacional para possibilitar a gravação da programação
em geral da TV. Algo como a LG fez com suas Linha Time Machine, que incorporava
um gravador dentro do aparelho. Com o tempo, a ideia foi abandonada.
O fim da TiVo é o fim de mais uma era da tecnologia de
consumo, juncom com os discos de vinil, CDs, DVDs, e seus reprodutores. A
pergunta que fica é: o mundo vai sobreviver sem a mídia física? Só tempo dirá...
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