Desde que Star Trek Discovery entrou no ar, tenho discutido comigo mesmo sobre os rumos da franquia que começou nos anos 60 com Gene Roddenberry. Fizeram uma série animada, depois vieram os primeiros longas no cinema com a tripulação original e aí veio os ares novos da Nova Geração, que abriu espaço para grandes histórias de ficção-cientifica na televisão.

Com o tempo, e as novas séries, Jornada nas Estrelas se transformou numa base mais séria sobre histórias de novos mundos, novas civilizações, indo muito mais além do que ninguém jamais esteve. É claro, que decisões executivas sempre prevaleceram dentro da Paramount\CBS, sobre os passos para investir em novas séries, especialmente numa franquia tão importante como Jornada nas Estrelas.

E tudo fica mais claro quando você vê o desenvolvimento de séries como Discovery e Picard, para as plataformas streaming. O que poderiam ser séries com histórias interessantes, situações dramáticas envolvendo mundos diferentes, nenhuma delas conseguiu chegar perto do que era necessário para seu sucesso: ouvir os fãs.

Não estou dizendo de radicalizar, ou é desse jeito ou nada vai pra frente! Mas ouvir algumas das ideias básicas que deram certo na Série Clássica, na Nova Geração, em DS9, Voyager e até mesmo na novata Enterprise, que mostrava os primeiros passos da Humanidade depois do Primeiro Contato. Aliás, um dos grandes filmes da franquia.

A situação é tão estranha que uma animação em tom de sátira como Subalternos (também conhecida como Star Trek Lower Decks), fazia mais sucesso entre os fãs do que as duas primeiras novas séries mencionadas acima. Pior: uma produção original feita para o canal infanto-juvenil Nickelodeon, Star Trek Prodigy, que mostrava acontecimentos relacionados ao que aconteceu depois do final de Voyager, foi cancelada sem uma explicação plausível (dizer que é baixa audiência tirariam outras séries do ar depois das primeiras temporadas).

Curiosamente, a melhor resposta para os fãs mais sensíveis de Jornada nas Estrelas foi a produção de Star Trek: Strange New Worlds, que nasceu dentro da segunda temporada de Discovey. O sucesso foi tanto, que a Paramount e o novo diretor de séries de Jornada nas Estrelas, Alex Kurtzman, divulgou a entrada em produção desse novo spin-off de Jornada nas Estrelas. Com histórias que lembravam a Série Clássica, especialmente no tom dos personagens e enredos criativos.

Aqui, abro espaço para o episódio musical da segunda temporada, Rapsódia Subespacial. Houve muita crítica sobre esse tipo de história, que mostra um acidente num campo quântico, faz com que todos comecem a cantar descontroladamente. O Músical é um dos gêneros do cinema americano há décadas. Séries como Buffy – A Caça-Vampiros e Grey’s Anatomy tiveram episódios musicais, para quebrar a rotina dos personagens das duas produções. E segue a nave...

Agora, o trailer divulgado recentemente da terceira temporada de Jornada nas Estrelas: Novo Mundos, título que deveria ser o correto a ser usando pela Paramount, parece ter lançado toda a tripulação da USS Enterprise num tsunami de humor e situações que lembrar o episódio de Dark Mirror, USS Callister.

Tirando uma pequena cena do que parece ser o ataque dos Gorns, raça predadora e sanguinária, as imagens e os diálogos parecem focar mais no futuro capitão Kirk (Paul Wesley) e em situações onde a presença do capitão Christopher Pike (Anson Mount) parece secundária, assim como outros membros da tripulação da USS Enterprise.

A impressão é que alguém decidiu que, na falta de Subalternos, deixem Novos Mundos mais próximo a uma comédia de costumes, mas sem a claque. É claro que tudo pode mudar quando a serie entrar no ar, provavelmente no começo do segundo semestre.

Trailer, em sua configuração básica, tem como objetivo vender o futuro. Se esse futuro será legal, divertido e emocionante, só quando a série voltar a ser exibida pelo Paramount+.