E a TV por Assinatura, Tem Futuro?

Durante dois dias, o Pay TV Forum reuniu empresários e executivos do setor para discutir um tema que afeta todos: a TV por Assinatura no Brasil tem futuro?

publicado em 03/08/2019 12:00:00

Em meio a uma crise econômica sem precedentes na história brasileira, um pequeno, mas importante raio de claridade parece penetrar nas trevas de um dos setores mais importantes do entretenimento do país, revelando caminhos para se evitar o abismo. Durante dois dias, o Pay TV Forum reuniu empresários e executivos do setor para discutir um tema que afeta todos: a TV por Assinatura no Brasil tem futuro?

Diferente com o Forum do ano passado, onde a Netflix incomodava uma grande parte dos participantes pela sua agressividade nos negócios, no evento desse ano a principal questão foi que o mercado precisa começar de novo, se reinventar para melhor atender ao consumidor que não quer nem saber quem foi que pintou a casa branca e quer continuar vendo conteúdo nome e revigorado pela telinha, seja do smartphone, tablete, computador, e até mesmo pelo antigo aparelho que reunia as famílias na sala, o Televisor.

“Nosso desafio é deixar esse mercado mais moderno, buscar novos conteúdos e apresentar tudo isso de uma forma mais dinâmica para o consumidor, como tínhamos feito no começo desse mercado, lá no século 20”, explica Alessandro Maluf, da Claro Brasil, uma das maiores operadoras de TV por Assinatura, que tem o Now, o serviço de vídeo-on-demand com mais de 20 mil horas de conteúdo exclusivo, entre filmes, séries, programação infantil, etc.

Maluf tem razão quando enfatiza a questão da busca por novos conteúdos, especialmente quando o consumidor começou a ser inundado por todo o tipo de conteúdo vindo de diversas plataformas. O brasileiro quer novidades e, numa situação onde a economia estiver mais estável, paga por isso sem pestanejar. Daí o efeito que a chegada da Netflix fez no mercado, a ponto de virar conversa de bar... “você viu aquela série da Netflix?’

A forma de entregar esse conteúdo com um preço muito inferior ao que uma operadora cobra por uma assinatura foi o tiro de aviso. E a pressão aumentou quando outros players streamings como a Amazon, Locke e mais recente o Globoplay, decidiram que o Brasil é um dos territórios onde tem que firmar presença. Sem contar com o fato que lá de fora, outras grandes empresas estão finalizando seus canais streamings como o Disney Plus e HBO Max, para atender o consumidor doméstico, mas sem deixar de lado as grandes possibilidades de abrir outros mercados pelo mundo afora. Netflix e Amazon entregam conteúdo hoje em 190 países...

A questão do preço é o pomo de Adão da operação de TV Paga no Brasil. E não se pode discutir isso muito em função das indefinições da economia nacional. E modernizar o modelo de negócio passa, arranhando a fuselagem do custo operacional e o custo final para o assinante. E não pense que o assinante brasileiro vai jogar tudo pro ar e ficar com os serviços streaming. O motivo é mais do que óbvio: nem tudo o que ele quer e deseja está disponível nessas plataformas.

“É uma indústria muito forte, muito rica. Tem mais de 17 milhões de assinantes com um faturamento anual de 30 bilhões de reais. É uma indústria que tem uma quantidade absurda de conteúdo. Como mostrar isso para o assinante, como comunicar tudo isso é o grande desafio que a indústria tem que superar para continuar a ser relevante”, enfatiza Samuel Possebom, responsável pela organização do Pay TV Forum.

Além de discutir os novos caminhos que esse setor da economia tem que trilhar, o evento também serviu de palco para o anuncio de pesquisas do setor, a chegada de novos jogadores, e a eterna luta contra a pirataria. A Kantar Ibope divulgou alguns resultados sobre a recente pesquisa sobre hábitos de consumo entre os assinantes de TV por Assinatura, com resultados interessantes e muito animadores.

O primeiro deles e mais importante é que do ano passado para 2019, o assinante aumento suas horas consumindo programação, especialmente, vídeo-on-demand: ele passou de 3 horas em 2018 para 3 horas e 14 minutos. Sem contar que ele ficou mais conectado para discutir com outros assinantes alguns momentos cruciais da programação como o final de Game of Thrones.

“O assinante é um consumidor muito mais engajado do que o resto do público que assiste TV”, explica Melissa Vogel, da Kantar Ibope Media, empresa que vem fazendo pesquisas sobre hábitos de consumo dentro do mercado de Pay TV. “Ele também é muito fiel à programação que assiste, incluindo os serviços on-demand”, afirma Melissa.

A questão da pirataria ainda é uma pedra no sapato do setor. Mesmo com a codificação do sinal enviado para a casa do assinante, grandes quadrilhas começaram a se especializar em roubar esse mesmo sinal através de dispositivos vendidos com a garantia de “total acesso a todos os canais”. Danilo Almeida, da Nagra, apresentou vários novos processos técnicos que visam diminuir a ação da pirataria digital. Mas a luta também depende do governo federal e isso já é outra história.

O Discovery Group apresentou seu novo canal o Home & Gardner Television, voltado para o lado de foda do lar brasileiro, o jardim. São centenas de horas de conteúdo voltados para simples prazer de curtir o seu jardim e tudo que isso envolve. É claro, que o grande assunto do evento foi a chegada da CNN Brasil, assunto abordado por várias matérias pela Freakpop. Anthony Doyle, que desde 2006 quando atuava na Turner tinha planos para trazer a versão brasileira do mais famoso canal de notícias do mundo, antecipou a chegada da CNN Brasil para o final deste ano.

Por fim, o mercado de tv por assinatura brasileira,vai bem, mas tem tudo para ir melhor. Pelo visto nesses dois dias, onde rugas e divergências foram colocadas de lado pelo melhor do setor, a TV por Assinatura tem tudo para encontrar seu novo caminho e, principalmente, um melhor jeito de mostrar para o público brasileiro, verdadeiro tsunami de conteúdo. 

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